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O Papel do Cuidador de Idoso Informal

No Brasil, a Constituição de 1988 considera responsabilidade da família, da sociedade e do Estado o suporte ao idoso, além do fornecimento de subsídios que garantam sua participação na comunidade, a defesa de sua dignidade e bem-estar e a garantia do direito à vida. Novas leis e medidas foram empreendidas pelo Estado com o objetivo de proteger a pessoa idosa contra a discriminação, a violência e as dificuldades. A Política Nacional do Idoso (1994) e o Estatuto do Idoso são exemplos dessas medidas legais. No plano de atenção à saúde, somente em 1999, o Ministério da Saúde elaborou a Política Nacional de Saúde do Idoso, pois os altos custos envolvidos no tratamento dos idosos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) não estavam resultando em ações efetivas na garantia da resolução das reais necessidades desse público.

Em países como o Brasil, onde existem deficiências no setor público, particularmente nas áreas de Saúde Pública e Seguridade Social, a família continua representando fonte primordial de assistência para parcela significativa da população idosa. Considerando o quadro de redução dos recursos estatais, da desmontagem do sistema de proteção social e de dificuldades de emprego, o envelhecimento da população do país tem sido visto como uma sobrecarga para as famílias, sendo essa prática reforçada pela queda da fecundidade e pela maior participação das mulheres no mercado de trabalho. Muitos idosos dependentes não podem nem devem ser mantidos em instituições hospitalares, principalmente quando não necessitam mais dos cuidados médico-hospitalares específicos, apesar de ainda necessitarem de cuidados especiais devido à dependência. Na maioria dos casos, pela falta de recursos de ordem financeira que permitam a contratação de cuidadores especializados no ambiente domiciliar, esses cuidados são realizados por um membro da família, com exceção dos idosos sem rede de apoio familiar, que também constituem um grande problema a ser destacado.

Cuidador é a pessoa, membro ou não da família, que, com ou sem remuneração, cuida do idoso doente ou dependente no exercício de suas atividades diárias, tais como alimentação, higiene pessoal, medicação de rotina, acompanhamento aos serviços de saúde e demais serviços requeridos do cotidiano – como a ida a bancos ou farmácias, excluídas as técnicas ou procedimentos identificados com profissões legalmente estabelecidas, particularmente na área da enfermagem. A família é, geralmente, a primeira e a mais constante unidade de saúde para seus membros, sendo que o cuidado prestado envolve ações de promoção da saúde, prevenção e tratamento de doenças, incluindo as de reabilitação. Geralmente a função de cuidador é assumida por uma única pessoa, denominada cuidador principal, seja por instinto, vontade, disponibilidade ou capacidade.

Em um estudo com pacientes e cuidadores assistidos pelo serviço Pós-Alta-Hospitalar de um hospital no Rio Grande do Sul, foram destacados três tipos de cuidadores: cuidadores dedicados estão sempre disponíveis e preocupados com quem cuidam, fazendo questão de mostrar e avaliar seu cuidado; cuidadores por obrigação cuidam do familiar por não haver outro que os substitua. Não se mostram disponíveis e queixam-se da tarefa de cuidar; cuidadores sem iniciativa quase não se envolvem e participam das orientações que possam contribuir para melhorar o bem-estar do idoso. Em relação ao perfil do cuidador, autores em 2002 constataram o predomínio de mulheres cuidadoras (73%), especialmente esposas e filhas, predominando também os arranjos com duas ou mais gerações, e que apenas 6% dos idosos viviam sozinhos.

Em 2004, um estudo com cuidadores de idosos de um serviço psicogeriátrico obteve como resultados que a maioria dos cuidadores era do sexo feminino, com média de idade de 51,3 anos, sem emprego ou do lar. Um ponto a ser destacado é que a faixa etária dos cuidadores pertence, na maioria das vezes, à mesma geração das pessoas que cuidam, ou seja, “são idosos jovens independentes cuidando de idosos dependentes”. Os familiares se constituem numa rede autônoma de atendimento ao idoso, sem a devida integração com os serviços de saúde e muitas vezes desconhecem que poderiam recorrer aos profissionais e aos serviços na busca de apoio e orientações. Consiste em um desafio para os profissionais de saúde conhecer mais as famílias, já que, nas situações de doença de um membro familiar, as primeiras medidas são tomadas ainda no ambiente doméstico, sendo este o local onde se processa o principal cuidado.

Fonte: Site da Escola de Enfermagem Anna Nery.

Leia o estudo na íntegra em:  https://www.scielo.br/j/ean/a/VgjTVdg8sHgNWz7gGwDd6dh/

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